A segurança pública “não pode ficar restrita ao círculo de policiais, juristas e especialistas”, defende o professor Luiz Eduardo Soares.
Luiz Eduardo Soares e Manuel Domingos Neto: Reunião atrasada, mas necessária
03/11/2024 para o site VIOMUNDO
Por Luiz Eduardo Soares e Manuel Domingos Neto*
Na quinta-feira passada (31.10.2024), deu-se uma reunião marcada há 21 anos.
A convite de Lula, governadores e o ministro da Justiça encontraram-se no Planalto para discutir a Segurança Pública.
Essa reunião foi agendada e postergada, depois cancelada, no início do primeiro mandato de Lula, em 2003. O atraso de 21 anos diz muito sobre as dificuldades de enfrentar o problema.
Em 2001, Lula presidia o Instituto Cidadania e era pré-candidato a presidente. Um grupo de trabalho formulou, então, seu programa de Segurança Pública.
Profissionais de origens, experiências e perspectivas variadas debateram em audiências públicas, visitas e seminários. A proposição resultante foi entregue por Lula às casas congressuais e ao ministro da Justiça em 27 de fevereiro de 2002.
No ambiente ouriçado de hoje, é difícil imaginar que o então líder da oposição ao governo FHC fosse respeitosamente recebido por dirigentes da situação, todos valorizando a qualidade da proposta.
Leia Mais...»Luiz Eduardo Soares: Medo, política e segurança pública
Crânio de Vidro do Selvagem Digital, de Luiz Eduardo Soares (PRÉ-VENDA)
Brasa mergulha de cabeça na literatura ficcional com Crânio de Vidro do Selvagem Digital, novo livro de Luiz Eduardo Soares, autor de Elite da Tropa e Cabeça de Porco.
Neste inusitado lançamento da Brasa, Luiz Eduardo Soares aposta na liberdade da imaginação para conduzir o leitor através de uma narrativa lisérgica.
Ao longo das 176 páginas o leitor tem o tapete sob os seus pés puxado sem aviso e embarca numa aventura psicodélica Philip-Kadiana com uma pitada de Castanheda à brasileira, onde o calor do Rio quarenta graus derrete a lógica, jogando-a num caleidoscópio que liquidifica a narrativa.
O livro está em pré-venda com 20% de desconto no site www.brasaeditora.com.br e é uma convocação para leitores que apostam na incerteza.
O que o filme “Notícias de uma guerra particular” evidencia sobre a segurança pública 25 anos depois?
Site Brasil de Fato, 07/10/24
Neste ano, o documentário “Notícias de uma Guerra Particular” completa 25 anos. O filme, que se tornou referência no debate sobre a segurança pública e os direitos humanos, retrata o ciclo da violência urbana no Rio de Janeiro a partir do cotidiano filmado no Morro Dona Marta, no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e da contraposição de falas de traficantes, de policiais e de moradores.
As entrevistas descrevem um cenário de “guerra”, como o título resume, mas não de qualquer guerra, uma “particular”, no sentido de distante para uma parte da população que não convive com os conflitos diários e que é determinada em torno do discurso do combate ao tráfico de drogas.
Leia Mais...»A condenação perpétua de Silvio Almeida
Em nome do respeito que o ex-ministro merece, em nome do respeito que merecem mulheres vítimas, eu me pergunto se não está na hora de virar a chave da judicialização, da policialização e da penalização
Vocês acham que não tem nada a ver com racismo, a velocidade fulminante com que se acusou, julgou e condenou à abominação perpétua e irrevogável um homem, um homem negro brilhante, devotado à luta antirracista, que por sua capacidade e trajetória se destacava como postulante a posições de liderança em âmbito nacional e internacional? Vocês acham mesmo que a sem-cerimônia com que se lhe marcou o lombo com a figura em brasa do banimento nada tem a ver com a cor desse homem, com sua ancestralidade, com a negritude retinta de sua pele? Silvio Almeida, em menos de 24 horas, foi banido da pátria dos cidadãos decentes e honrados, aqueles a quem se concede voz e dignidade. Faria sentido que ele viesse a ser para sempre um apátrida, vagando entre o desprezo arrogante da direita e a repulsa inflamada da esquerda? Um homem invisível?, não, pior.
Leia Mais...»Convite
Em 2011, aos 47 anos, Patricia Acioli pagou com a própria vida a ousadia de honrar sua função, enfrentando a violência policial e o poder tirânico das milícias. Manter vivo seu legado ilumina a urgência de construirmos diálogos sem fronteiras sobre caminhos para mudanças.
A Cátedra é um espaço de pesquisa interdisciplinar sobre ética, justiça e segurança pública. Coordenada por Luiz Eduardo Soares, em parceria com Eliana Sousa Silva, Miriam Krenzinger e Leonardo Melo, se insere no CBAE/UFRJ, dirigido por Ana Celia Castro.
Contamos com sua presença.
Playlist de todas as entrevistas do especial – Insegurança Pública – feita para o canal My News
Clique no Link para acessar lista completa das entrevistas
Maria da Conceição Tavares
Amigas e amigos, dificilmente alguém mais jovem, que não tenha vivido a ditadura e, já adulto, seu ocaso, pode ter uma ideia do que representava Maria da Conceição Tavares para minha geração e as anteriores. Eu não perdia nenhuma oportunidade de vê-la e ouvi-la, onde quer que a convidassem a falar. Ela nos ensinava a pensar o Brasil e, ao mesmo tempo, em cada aula ou palestra, emprestava sua voz à revolta profunda que sentíamos. Ela era fúria e paixão, mas sua lucidez não sofria nenhum abalo, as palavras fluíam precisas, escapando ilesas do incêndio vulcânico que a tomava da cabeça aos pés e nos lançava à luta. Obrigado por tudo, professora. Precisamos mais do que nunca do fogo que a senhora nos legou. – Luiz Eduardo Soares
Enquanto anoitece (por Marcos Rolim)
“Raimundo Nonato” é um convite à reinvenção de um país que se perdeu na brutalidade e na ausência de caráter.
Marcos Rolim (*)
Luiz Eduardo Soares, intelectual respeitado internacionalmente, tornou se uma referência no Brasil em qualquer debate sobre segurança pública por conta da profundidade de suas reflexões e pela sua capacidade como gestor. Ideias como o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), a reforma do modelo de polícia ou o projeto da “Delegacia Legal”, para citar apenas três temas relevantes, devem muito a sua ousadia e capacidade crítica. Quem acompanha a trajetória do antropólogo fluminense sabe também da delicadeza de seu texto que já rendeu obras maravilhosas como “Elite da Tropa”, “Espírito Santo”, “Rio de Janeiro: histórias de vida e morte” e “Tudo ou Nada”, entre tantos outros. Faz muito que leio tudo o que Luiz Eduardo escreve com o prazer de ser sempre surpreendido e de aprender a cada espanto. Eis que surge “Enquanto Anoitece” (Todavia, 155 p.), seu mais recente romance, lançado ao final de 2023 e que acabo de ler.
Sinais de inundação: Safatle e os refugiados da linguagem
Para revisita Cult 28/05/24
Nada mais frívolo do que evocar minha emoção, quando se trata de introduzir a futuros leitores/leitoras (ou releitoras) uma obra extraordinária, que faz o pensamento triunfar sobre tantos desabamentos de que presta testemunho – desde logo a ruína da linguagem em que se arma a trama do capitalismo. Capitalismo que se reifica e naturaliza, inscrevendo-se nos sujeitos como medida de realidade, virtude e beleza, confundindo-se – transparente – com a razão, esgotando o campo do possível, abolindo o desejo e a insubmissão revolucionária. Que seja frívolo e impertinente, e desproporcional, considerando-se a magnitude do gesto que deu à luz este alfabeto de colisões, ainda assim ouso convocar aqui essa emoção íntima, fútil, doméstica, tão pequena e débil: a emoção que tantas vezes me impediu de seguir lendo o livro de Vladimir, por um encantamento de que, em meu caso, só a arte fora capaz – um encantamento que é desmesura e perturbação, perturbação que rima com autorização para ousar.
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