Suburbia e a terceira revolução estética da TV brasileira
Co-autor de “Elite da Tropa” fala sobre longa “Paraísos Artificiais”
Luiz Eduardo Soares*
Especial para o UOL
Apanhar o espírito do tempo em um golpe de vista, levá-lo ao fogo das paixões humanas até arder, desdobrar a imagem-síntese em narrativa cinematográfica, fazê-la fluir como água, como a vida, e capturar, na trama, enquanto derrete no ar, o
Leia Mais...»Domingos – Documentário de Maria Ribeiro
Luiz Eduardo Soares
O talento de Maria Ribeiro não nos deu um documentário sobre a vida, o tempo e a obra de Domingos de Oliveira, mas um filme com Domingos. Explico por que e quão profundamente essa estratégia se relaciona com a singularidade do Domingos-artista, poeta, cineasta.
Leia Mais...»Aplausos à Violência?
Luiz Eduardo Soares
Como têm reagido as platéias ao filme Tropa de Elite, que exibe a coreografia e os bastidores da brutalidade policial? Ainda é cedo para saber. Mas há indícios reveladores. É preciso avançar com cuidado nesse terreno, ou correremos o risco de fazer com a sociedade o que alguns críticos fizeram com o filme: simplificar todo um universo complexíssimo com um rótulo fácil. Há os que riem diante da tortura. Mas será que rir expressa adesão ou algum profundo desconforto? Alguns gritam “caveira” e aplaudem o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais da PMRJ) nas ruas. Sim, é verdade, mas, nesse caso, não nos precipitemos em generalizações.
Leia Mais...»Tropa de Elite e Elite da Tropa
Luiz Eduardo Soares
Escrever um livro e realizar um filme do ponto de vista de um policial não é incomum, em outros países. Entretanto, no Brasil, aconteceu pela primeira vez. O resultado foi um misto de perplexidade, abjeção e encantamento. Claro que houve todo tipo de reação ao livro e ao filme, como é natural –a este em uma escala extraordinária. Cada produto cultural é apropriado e interpretado segundo códigos valorativos e de acordo com dinâmicas micro-políticas as mais diversas. Por isso, a pluralidade de significados atribuídos ao livro e ao filme por leitores, espectadores e críticos, militantes, gestores e policiais, corresponde antes à multiplicidade babélica da sociedade brasileira do que à polissemia das obras.
Leia Mais...»Salve Geral e 9mm: a corrosão do vocabulário punitivo
Luiz Eduardo Soares
Em Salve Geral, Lúcia ajeita os cabelos diante do espelho, enquanto espera ser atendida pela proprietária do salão de beleza: Ruiva, advogada criminal que se dispôs a ajudar seu filho. Atrás do espelho falso, Ruiva a observa. Lúcia vê o próprio rosto refletido, mas, sem o saber, dirige o olhar para a advogada cafajeste, cúmplice dos criminosos. Ruiva é a antípoda de Lúcia, recatada mãe de família de baixa classe média, professora de piano, viúva, devotada ao filho, cujo destino fortuito levou à prisão –quase inadvertidamente, como “o estrangeiro” de Camus.
Leia Mais...»O que pode a linguagem?
José Padilha e Luiz Eduardo Soares
Um capitão do Bope, Batalhão de Operações Policiais Especiais da PM do Rio de Janeiro, depois de torturar por horas um adolescente pobre e negro, numa favela carioca, ante a resistência de sua vítima em delatar o parceiro do tráfico, apanha uma vassoura e determina a seu subordinado: “Zero-Seis, arreia as calças dele”.
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