Alvo de dossiê diz que governo Bolsonaro “de novo atenta contra democracia”
28/07/2020 entrevista para Rubens Valente colunista do UOL
O cientista político Luiz Eduardo Soares, 66, um dos alvos do dossiê produzido pelo Ministério da Justiça contra os policiais antifascistas e citado como “formador de opinião” do grupo, disse que recebeu a notícia com indignação. Para Soares, o governo Bolsonaro mais uma vez “atenta contra a democracia”. O dossiê, cuja existência foi revelada pelo UOL nesta sexta-feira (24), foi produzido em junho por uma unidade pouco conhecida do ministério, a Seopi (Secretaria de Operações Integradas). O levantamento listou 579 agentes da segurança púbica estaduais e federais, alguns com fotografias e endereços de redes sociais, que haviam assinado dois manifestos, em 2016 e 2020.
O relatório sigiloso inclui um subtítulo denominado “Formadores de opinião”, no qual são citados Soares, o especialista em direitos humanos Paulo Sérgio Pinheiro, o secretário estadual do Pará Ricardo Balestreri e o acadêmico da Universidade Federal da Bahia Alex Agra Ramos. Em resposta à revelação sobre o dossiê, o Ministério da Justiça tem repetido que faz trabalho de inteligência e que a Seopi integra o Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência), formado por 42 órgãos públicos e centralizado no GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
O controle de territórios pelas milícias
Entrevista para o site GGN em 5/07/2020
Um olhar estranho para a história do Brasil e um relance utópico
Facebook 27/06/2020
Luiz Eduardo Soares
O método sincrético de associação (ou de sociabilidade), com subordinação inclusiva hierarquizante, de inspiração católica, extinguiu sua validade “terapêutica” ou político-cultural. O sintoma evidente era, já nos anos 80/90, o avanço do mundo evangélico, mais horizontal e agonístico -como procurei mostrar em artigo de 1990, retomado em O Brasil e seu Duplo (Todavia, 2019). A modernização conservadora ou o desenvolvimento combinado e desigual do capitalismo autoritário estava engrenado com a “estética” sincrética, para a qual o tropicalismo, renovando a antropofagia, apresentou uma redefinição crítica, uma atualização dialética, diferenciadora -mas nem todos entenderam o recado premonitório que a arte, mais uma vez, sussurrava no ouvido da história.
Leia Mais...»A estética bolsonarista
Um debate sobre estética com #FloraSussekind; #GeorgetteFadel; #LuizEduardoSoares; #Tomazklotzel
Bolsonaro e o Mundo Armado no Brasil – Live
Luiz Eduardo Soares e Piero Leirner debatem o tema “Bolsonaro e o mundo armado no Brasil”, em seminário do IEA-USP, em 19 de junho de 2020.
Roda das rosas #5 – Live
Convidados:
Vladimir Pinheiro Safatle é professor titular da cadeira de Teoria das Ciências Humanas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Autor, entre outros, de A esquerda que não teme dizer seu nome (2012), O circuito dos afetos (2015) e Dar corpo ao impossível (2019).
Luiz Eduardo Soares é um antropólogo, cientista político e escritor. Considerado dos mais importantes especialistas em segurança pública do Brasil. Autor, entre outros, de Elite da tropa (2006), Desmilitarizar (2019) e Brasil e seu duplo (2019).
Mediação: Arthur Hussne Bernardo
“O risco da infiltração é permanente porque Bolsonaro investe no fortalecimento das milícias”, diz antropólogo sobre protestos
Publicado em: no RFI
As manifestações de rua realizadas no último fim de semana em várias cidades do Brasil não se traduziram em confrontos entre apoiadores e adversários do presidente Jair Bolsonaro, como temiam forças de segurança e muitos intelectuais. No entanto, o risco de agentes se infiltrarem em novos protestos para disseminar violência é alto e não pode ser descartado como estratégia para justificar medidas autoritárias, avalia o antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares.
Um texto assinado por Soares circulou amplamente na internet com pedido para que movimentos sociais não comparecessem aos recentes protestos. A mensagem alertava para a ameaça da presença de agentes infiltrados que poderiam semear o caos e criar um clima de desordem que serviria para justificar eventuais medidas de ruptura institucional.
“O sebastianismo policial encontrou seu messias. Estão abertas as portas do inferno”
Entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, 10 de junho de 2020
Com Isabella Marzolla
“Segmentos numerosos e com grande potencial de liderança das polícias brasileiras, não apenas das militares nem só das paulistas, foram infectadas pelo bolsonarismo. Ou melhor, já eram bolsonaristas antes de Bolsonaro. As corporações herdaram as culturas corporativas forjadas na ditadura militar, as quais, por sua vez, eram tributárias da longa tradição racista e classista que marcou sua história. Assim como a arquitetura institucional da segurança pública, que inclui o modelo policial, não foi alterada pela transição democrática -a Constituição de 1988 consagrou o que estava estabelecido-, tampouco se democratizou a cultura das instituições. Nenhuma instituição serve aos porões da ditadura impunemente. As digitais da ditadura permanecem atuais, apesar dos discursos oficiais”.
“Se Moro cerrar fileiras pela anulação das eleições no TSE, devolvendo ao povo o direito de escolha, não deveria ser excluído (dos manifestos). Não se trata de ajustar as contas com o passado de ninguém, nesse momento, nem de disputar a liderança da frente anti-fascista. Isso se fará, no futuro. Trata-se de salvar vidas e o que nos resta de democracia”.
“O personagem ausente da equação, até agora, é o povo. Quando o sentimento popular for conquistado para a resistência ao fascismo, o bolsonarismo acabou”.
“O povo queria uma revolução e elegeu a contrarrevolução”.
“Resta saber qual será a via de derrocada da democracia: a sequência desse movimento de corrosão gradual e crescente, que já está em curso, ou alguma ruptura mais clara, a qual envolveria a criminalização dos movimentos sociais, o cerceamento no acesso às informações e a desconstituição do esforço do Supremo na desmontagem da máquina de fakenews. Um sintoma do bolsonarismo é a capitulação de Witzel, chantageado pelos óbices ao repasse de verbas e pelas investigações da PF (que podem ter fundamentos corretos, mas cujo timing não foi indiferente à conjuntura política)”.
“A questão (genocídio dos jovens negros em territórios vulneráveis) não se resume à polícia, e por isso se trata de racismo estrutural: o MP, por ação e omissão, é cúmplice; a Justiça abençoa; as autoridades governamentais autorizam e estimulam; a mídia só eventualmente denuncia; grande parte da sociedade tolera, quando não aplaude. Preciso dizer mais?”
Luiz Eduardo Soares é um dos mais importantes especialistas em segurança pública do país. Antropólogo, cientista político, e co-autor do best seller “Elite da Tropa”, foi secretário nacional de segurança pública (2003).
O tema desta entrevista foi a influência do bolsonarismo sobre as PMs, racismo estrutural e protestos, enquanto a pandemia corre solta.
Como foram as manifestações de 7 de junho
Facebook, 8 de junho, 2020
LES
É hora de valorizar tudo o que os atos pela democracia e contra o racismo mostraram de positivo, desde os cuidados para evitar a expansão da pandemia até a atenção bem planejada que evitou provocações, de modo a que as grandes bandeiras em torno das quais todas e todos se uniam impuseram-se com luz própria, sem máculas. O fato de que os números tenham sido modestos não reduz a importância das manifestações e até contribuiu, dadas as circunstâncias, para seu sucesso.
Leia Mais...»Apelo às lideranças democráticas
3 de junho de 2020
Luiz Eduardo Soares
Faço um apelo a todas e todos que sabem o que significaria um golpe policial-militar, sob liderança fascista. Os sinais são assustadores, ostensivos e crescentes. Hoje, o vice-presidente publicou um artigo absurdo e ameaçador no Estadão. Aras, embora tenha se corrigido depois, disse ao Bial que as Forças Armadas poderiam, sim, intervir se um poder invadisse a seara do outro, numa clara alusão crítica ao Supremo. Ives Gandra está a postos para escrever a justificativa “constitucional” do golpe. Nunca faltaram juristas aos generais; não faltarão ao capitão. Eduardo Bolsonaro confirmou: a ruptura está decidida, espera-se apenas a oportunidade. O presidente sobrevoou manifestação contra o Supremo e o Congresso ao lado do ministro da Defesa. Precisa desenhar?
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