A segurança pública “não pode ficar restrita ao círculo de policiais, juristas e especialistas”, defende o professor Luiz Eduardo Soares.
Genocídio negro: o STF agirá?
Para o Site – Outras Palavras – Publicado 23/03/2025
“Aboliremos a escravidão, desde que…”, diziam os oligarcas no Império. A mesma lenga-lenga cerca agora a ADPF-635, que interromperá, se aprovada, as operações policiais mortíferas nas favelas e periferias. O Supremo se atreverá a acolhê-la?
Nesse domingo, 23 de março, na Folha de SP e no Globo, ótimo artigo de Elio Gaspari compara as resistências ao projeto de lei do governo federal que busca tornar menos injusto o Imposto de Renda às evasivas dos anti-abolicionistas, no século XIX, que se diziam de acordo com o fim da escravidão, “desde que”… Havia sempre um “desde que”, exigindo reparações aos proprietários penalizados com a perda de seus ganhos e alertando para riscos de desorganização da economia, instabilidade jurídica e desordem pública. Enquanto lia o catálogo da infâmia escravagista, pensava na população vulnerabilizada do Rio de Janeiro e nos inumeráveis “desde que” ainda em voga, mobilizados diariamente por políticos e policiais para postergar mudanças urgentes na segurança pública. Contra a ADPF 635, que o STF se prepara para votar, evocam o “desde que” sem pruridos, sacrificando a razão, as evidências e qualquer veleidade de honestidade intelectual.
A verdade veio à tona, no córrego sob a ponte
Publicado 06/12/2024 no site Outras Palavras
Arremesso de um jovem escancara a realidade da violência policial: um gesto asséptico – descarte de uma vida descartável, sem a habitual coreografia da brutalidade. Após incentivar os banhos de sangue da PM, Tarcísio admite erros: uma harmonização facial na máscara fascista
Policial militar de São Paulo arremessou um jovem da ponte. Mais um ato criminoso de brutalidade da corporação comandada por Tarcisio-Derrite? Não. O impacto na opinião pública demonstra que houve aí algo diferente. Tão diferente que jogou o governador do alto de sua arrogância no chão da oficina de reparos de imagem, onde calçou as sandálias da humildade e admitiu erros.
Leia Mais...»Luiz Eduardo Soares e Manuel Domingos Neto: Reunião atrasada, mas necessária
03/11/2024 para o site VIOMUNDO
Por Luiz Eduardo Soares e Manuel Domingos Neto*
Na quinta-feira passada (31.10.2024), deu-se uma reunião marcada há 21 anos.
A convite de Lula, governadores e o ministro da Justiça encontraram-se no Planalto para discutir a Segurança Pública.
Essa reunião foi agendada e postergada, depois cancelada, no início do primeiro mandato de Lula, em 2003. O atraso de 21 anos diz muito sobre as dificuldades de enfrentar o problema.
Em 2001, Lula presidia o Instituto Cidadania e era pré-candidato a presidente. Um grupo de trabalho formulou, então, seu programa de Segurança Pública.
Profissionais de origens, experiências e perspectivas variadas debateram em audiências públicas, visitas e seminários. A proposição resultante foi entregue por Lula às casas congressuais e ao ministro da Justiça em 27 de fevereiro de 2002.
No ambiente ouriçado de hoje, é difícil imaginar que o então líder da oposição ao governo FHC fosse respeitosamente recebido por dirigentes da situação, todos valorizando a qualidade da proposta.
Leia Mais...»Luiz Eduardo Soares: Medo, política e segurança pública
O que o filme “Notícias de uma guerra particular” evidencia sobre a segurança pública 25 anos depois?
Site Brasil de Fato, 07/10/24
Neste ano, o documentário “Notícias de uma Guerra Particular” completa 25 anos. O filme, que se tornou referência no debate sobre a segurança pública e os direitos humanos, retrata o ciclo da violência urbana no Rio de Janeiro a partir do cotidiano filmado no Morro Dona Marta, no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e da contraposição de falas de traficantes, de policiais e de moradores.
As entrevistas descrevem um cenário de “guerra”, como o título resume, mas não de qualquer guerra, uma “particular”, no sentido de distante para uma parte da população que não convive com os conflitos diários e que é determinada em torno do discurso do combate ao tráfico de drogas.
Leia Mais...»A hora de livrar o Rio da tirania das milícias
Bruno Paes Manso, Luiz Eduardo Soares, Daniel Hirata* e Rafael Soares 28 Abril 2024 |
No dia 24 de março, a Polícia Federal prendeu três suspeitos de ser os mandantes dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes. Desde que o crime ocorreu, em 14 de março de 2018, foram mais de seis anos de espera, uma longa jornada cheia de idas e vindas, que escancarou o grau de degradação institucional no Rio de Janeiro.
Os detidos são centrais na vida pública e institucional fluminense. O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Domingos Brazão começou na política em 1997, como vereador. Dois anos depois, foi eleito deputado estadual — e só saiu da Assembleia Legislativa em 2015, após cinco mandatos consecutivos, para fiscalizar (ou acobertar) no TCE seus antigos aliados.
A democracia brasileira não vai à praia no Rio
Revista Forum, 26/12/23
“Não há inocentes na periferia, nas favelas não há, assim como em Gaza. Cancelem as linhas de ônibus, murem os morros, invadam as favelas, exterminem os malditos. Pau nos moleques, essa é a língua que eles entendem”.
Dedicado a Manuel Domingos, Pedro Celestino e André Castro
GLO, péssima ideia – Manuel Domingos Neto e Luiz Eduardo Soares
Para o site Revista Forum e Jornal GGN em 7/11/23
O maior especialista na questão militar e o maior especialista em segurança pública do Brasil escrevem sobre a GLO decretada pelo presidente Lula: “Confundindo funções diferentes, o governo fragiliza a Defesa do Brasil e desprotege a cidadania”.
Mais uma vez, o Estado brasileiro faz o militar agir como policial. Alimenta a permanente crise de identidade das Forças Armadas e das corporações policiais.
Agora, o Exército não está nos espaços reservados aos sobreviventes da escravidão, da matança dos povos originários e da “vadiagem”. Mas a Marinha e a Aeronáutica atuam em portos e aeroportos, desperdiçando recursos públicos em atividades distantes de sua destinação precípua.
Leia Mais...»“O Rio está farto de GLOs, ocupações e intervenções militares”, diz ex-secretário de Segurança Nacional
Entrevista para o portal Geledés, 03/11/23
Segundo Luiz Eduardo Soares, a cada nova intervenção militar, estreitam-se a capacidade e a credibilidade do Estado de direito, e se expandem ocupações de territórios por grupos criminosos, tiranizando as populações locais.
Luiz Eduardo Soares, ex-Secretário Nacional de Segurança Pública na primeira gestão do governo Lula, é um dos mais respeitados profissionais e estudiosos da área. Antropólogo, cientista político e escritor, ele se debruça nesta entrevista a Geledés a fazer extensa análise sobre os motivos da recente onda de violência que assolou o País e as recém anunciadas medidas pelo Ministério da Justiça para combatê-la.
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