Bolsonaro e o Mundo Armado no Brasil – Live
Luiz Eduardo Soares e Piero Leirner debatem o tema “Bolsonaro e o mundo armado no Brasil”, em seminário do IEA-USP, em 19 de junho de 2020.
Soares, sobre o recorde de mortes da PM do Rio: “Estatizamos homicídios”
O porteiro Claudio Henrique de Oliveira foi morto por policiais militares na quinta-feira 12, durante operação na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro. Amigos e parentes do rapaz denunciam que, ao contrário do que alegam as autoridades, ele não era traficante e não estava armado. Na ação, quatro pessoas foram mortas.
Testemunhas dizem que os PMs chegaram atirando, sem qualquer preocupação de evitar atingir inocentes. Além dos parentes de Oliveira, a família do carregador Marcos Guimarães da Silva, também morto na mesma ofensiva, garante que ele não tinha envolvimento com o crime.
Os mortos no Vidigal se somam à impressionante relação de vítimas que nos últimos meses perderam a vida durante ações da polícia fluminense. Essa estatística chegou ao topo em 2019, com 1.686 mortes. A tática de enfrentamento determinada pelo governador Wilson Witzel, com muitos tiros disparados e pouco trabalho de inteligência, é o principal motivo dessa disparada, para perplexidade dos defensores dos direitos humanos e de qualquer um que pretenda viver em uma sociedade que mereça ser chamada de civilizada.
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(Postado no Facebook em 12/01/2020)
IMPEDIR WITZEL, EM NOME DA VIDA
É hora de impedir Wilson Witzel.
Na noite de 20 de setembro, no complexo do Alemão, Rio de Janeiro, Ágatha Félix, 8 anos foi assassinada, conforme todas as testemunhas, com tiro nas costas por policial que tentava atingir um motociclista. A menina estava com a mãe em uma Kombi. A família desdobrava-se para lhe proporcionar educação de qualidade e evitar que ela viesse a ser mais uma vítima da violência que assombra os territórios vulneráveis. Consternado, seu avô declarou à imprensa que ela fazia balé, inglês e se dedicava aos estudos com uma seriedade que levava os parentes a anteciparem um destino virtuoso que a salvasse das “estatísticas”.
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Em entrevista para Luis Nassif, um dos principais pensadores da segurança pública do país conta a história da consolidação das milícias e o possível impacto da “política de estado” que ministro quer promover no país
Witzel dispara contra segurança pública
(Antropólogo, ex-secretário nacional de Segurança Pública, autor de Desmilitarizar; segurança pública e direitos humanos, lançamento da editora Boitempo)
A morte está no ar: no seu voo sobre Angra dos Reis, o governador do Rio de Janeiro disparou projeteis contra a segurança pública, violando os direitos humanos e a Constituição brasileira.
Maio, 2019. Diante do helicóptero pronto para decolar, peito estufado, alto e altivo, hierático e assertivo, o governador Wilson Witzel diz para a câmera: “Olá pessoal [nesse ponto, projeta o lado esquerdo do corpo e o braço esquerdo para a frente, mantendo o pé direito fixo na grama, o que o obriga a equilibrar a perna direita sobre a ponta do pé], estamos começando hoje, aqui em Angra dos Reis, a pedido do prefeito Ceciliano Jordão [nesse momento, sem deixar de encarar a câmera, bate duas vezes com as mãos no ombro esquerdo do prefeito , situado à sua direita, cuja altura reduzida destaca coreográfica e cenograficamente a superioridade física do governador], uma operação [os braços de Witzel se agitam e as mãos apontam para baixo, quando não os indicadores, realçando o caráter afirmativo do enunciado], começando com a Core, com a polícia militar, com a polícia civil, para acabar de vez com essa bandidagem [aqui, os braços dobrados jogam os antebraços e as mãos espalmadas para os lados, cruzando-se, reforçando o sentido negativo da oração] que está aterrorizando a nossa cidade maravilhosa de Angra dos Reis. Jordão [virando-se para o prefeito e os demais circunstantes, postando-se de costas e de lado para a câmera], esse é o pessoal da CORE e do helicóptero. Nós vamos começar hoje [aproxima-se da câmera, encarando-a, novamente, braço esquerdo à frente, indicador apontando repetidamente para baixo, a pontuar a decisão e sua firmeza; o tom de voz eleva-se, sugerindo indignação], hoje nós vamos começar a operação. Acabou a bagunça [os antebraços e as mãos descrevem um arco, concluído com o afastamento das mãos, linguagem gestual que redunda, visualmente, a expressão “acabou a bagunça”; o dorso está projetado para a frente e o governador põe-se em close, simulando intimidade com o espectador]. Vamos colocar ordem na casa. Vambora.”
Leia Mais...»O SUSP e o Poder Embriagado
Publicado no site “Justificando”em 3 de julho de 2018
A ideia do Sistema Único de Segurança Pública, SUSP, foi formulada e apresentada pela primeira vez no documento chamado Projeto de Segurança Pública para o Brasil, que integrou o programa de governo do então candidato Lula, em 2002. Fui um dos coordenadores e redatores do texto, elaborado no âmbito do Instituto Cidadania[1].Esse documento se transformaria, com a vitória de Lula, na orientação a ser cumprida pela secretaria nacional de segurança pública, da qual fui titular, no primeiro governo Lula (de janeiro a outubro de 2003). Portanto, meu dever como gestor foi criar as condições para a implementação do SUSP, o que exigiria amplas negociações com os 27 governadores e o Congresso Nacional, visando a mudança do artigo 144 da Constituição, indispensável à plena viabilização do Sistema Único de Segurança Público, ainda que algumas alterações infra-constitucionais fossem também pertinentes — embora insuficientes.
Leia Mais...»Segurança Pública, com Luiz Eduardo Soares
Murilo Ferraz e Marcos Carvalho Lopes recebem o antropólogo Luiz Eduardo Soares para falar sobre segurança pública para o site Filosofia Pop.
Legalização das drogas é solução para a violência, diz especialista
Entrevista para o site R7, Coluna do Fraga, em 27/03/2018
Um dos maiores especialistas em Segurança Pública no País, o antropólogo, escritor e professor Luiz Eduardo Soares defende que a chave para combater a violência no País não é a intervenção militar, como acontece no Rio, mas a soma de três pontos-chave: a legalização das drogas, a alteração do artigo 144 da Constituição que desenhou o atual esquema de Segurança Pública do País e o investimento na redução das desigualdades.
Sem esses três pontos, ele explica, qualquer outra tentativa deve fracassar. A defesa à legalização das drogas acontece porque, para ele, é o esquema financeiro do tráfico que perpetua a violência e recruta os jovens do País. E só a legalização cortaria o efeito financeiro, o grande negócio do tráfico. Com o desenho da Segurança Pública do País, segundo Soares, são os jovens da ponta do tráfico de drogas que acabam nas cadeias e anos depois integram as facções criminosas trazendo mais violências às ruas. Um ciclo vicioso sem fim.
Leia Mais...»O afã da sociedade em encarcerar está contratando mais violência
Por Marcos Araújo Repórter e Marise Baesso Editora
21/01/2018 para o Jornal Tribuna de Minas
Para fechar a série de reportagens especiais “Vidas Perdidas – um raio X dos homicídios em JF”, a Tribuna convidou Luiz Eduardo Soares, antropólogo, cientista político e um dos maiores especialistas em segurança pública do país, para analisar as principais causas da criminalidade urbana e a interiorização das violências que atinge várias cidades de pequeno e médio porte, entre elas Juiz de Fora. Conforme mostrou a série, o município enfrenta um salto no número de assassinatos, um dos crimes que mais preocupam a sociedade. O quadro se agravou na cidade a partir de 2012, quando a média anual era de até 50 homicídios. Em 2016, os registros alcançaram o pico, com 154 mortes. Baixar esse índice é o desafio que a cidade tem pela frente. E como a situação chegou até aqui?
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