Aldeia Maracanã
“A foto de Samuel Braun de nosso encontro, na Aldeia Maracanã, me levou a escrever o seguinte: Foruns, assembleias populares, movimentos
sociais, universidade aberta da Aldeia Maracanã, lideranças dos povos originários, estudantes, operários, cidadãos de todo tipo, músicos, entregadores de pizza e professores, funcionários de call-center e ativistas, motoristas, caixas de supermercado, empregadas domésticas, enfermeir@s, contadores, catadores e quem mais vier. Esta é a vibrante Babel democrática em que todos aprendemos, passinho a passinho, para trás e para a frente, minuetos e samba, valsa e funk, a coreografia desnaturalizadora da ação pública: “Vem pra rua, vem”. E atenção: “Sem violência”, porque o teatro do quebra-quebra é tudo o que os conservadores querem para esvaziar o grande apoio da sociedade às mobilizações. E também porque a história que desejamos escrever é o avesso da violência, ainda que carregue, como deve ser, a mais sentida indignação. Da violência estamos fartos: racismo, brutalidade policial, homofobia, misogenia, preconceitos. Violência é a linguagem do Estado autoritário, que trai a Constituição. Não pode ser a nossa. O respeito é nossa força. Desrespeito é a gramática do poder autoritário, dos exploradores do trabalho alheio e dos grupos sociais que discriminam”.