Madona e o Dilúvio
(5/05/24)
Luiz Eduardo Soares
Soube que o show da Madona foi um verdadeiro exorcismo da caretice, do reacionarismo, do fundamentalismo que infestou o Brasil e ensaiou um golpe de Estado. Leiam o lindo post de Ivana Bentes. Mas, infelizmente, nem deu tempo de curtir e celebrar, porque o Rio Grande do Sul está sendo devastado pela maior tragédia ambiental de sua história, que é também desastre social, porque o peso maior dessas crises recai desigualmente sobre os mais pobres, embora afete todo mundo. Nessa hora, é preciso deixar as diferenças de lado e ajudar, apoiar, enviar recursos e doações, e chamar a atenção dos negacionistas para a nova realidade, a emergência climática. Entretanto, logo em seguida, será necessário abrir o verbo contra os responsáveis pelo desmonte do Estado e dos investimentos públicos, os neoliberais mascarados de técnicos neutros e racionais, arautos da austeridade. Os cínicos defensores do mercado desregulado e do Estado mínimo, das privatizações e do salve-se quem puder, são cúmplices da catástrofe. Eles exigem austeridade mesmo que isso custe a vida -não só humana, aliás. E desde que não seja a vida deles. A grande ironia da história é que eles mesmos e sua descendência pagarão o preço. O futuro a que aspiram os bilionários não é exatamente uma utopia: ilhas entre ruínas; bunkers cercados por dilúvios e desertos. Mais tarde a gente volta ao assunto. Agora, vamos transformar nossa solidariedade em doações ao povo gaúcho. Usem a chave PIX do MST.