Luiz Eduardo Soares: “chacina no Rio é uma operação política, que quer levar a esquerda para uma armadilha”
247 – Luiz Eduardo Soares, professor da UFRJ e especialista em segurança pública, avaliou, em entrevista à TV 247, que a chacina na Vila Cruzeiro, que deixou 26 mortos, foi uma operação política, e não de segurança pública.
Segundo ele, um dos principais objetivos da matança é exacerbar o antagonismo com o STF. Além disso, o evento atrai a esquerda para a armadilha da pauta da segurança pública, que deve ser enfrentada seriamente.
“Temos de denunciar a brutalidade policial letal, falar do genocídio de jovens negros e pobres”, disse. “Se trata de uma operação política buscando nos atrair para uma armadilha, de modo que as questões que estão levando o Lula a uma eleição no primeiro turno sejam substituídas por um debate que, para ser vencido, exigiria que nós enfrentássemos questões que negligenciamos. Temos de vencer essas eleições e iniciar, junto com o processo de reconstrução do Brasil, esse trabalho que foi adiado desde 1988″.
2013 e a vacina contra o golpe anunciado
Outras Palavras, 03, de maio de 2022
O que pode proteger a democracia dos fascistas não são os acordos e instituições, mas as emoções tomando as ruas, eletrizando o país. E um horizonte de mudanças profundas em uma sociedade que, sem elas, ruma para a auto-destruição
Leia Mais...»Polícia: o que pode mudar num novo governo
Para o site Outras Palavras, 19/02/22
Pacto contra o racismo e o ódio aos pobres. Núcleos populares para garantir a aplicação de novas políticas. Defensorias Públicas fortalecidas. Mesmo que reúna múltiplos interesses, frente antifascista pode mudar a face da segurança pública.
O Brasil precisa de mudanças profundas e urgentes, mas qualquer candidatura progressista que tente se viabilizar para derrotar o neofascismo bolsonarista necessitará coligar-se com forças conservadoras, em torno de um projeto centrista de reconstrução democrática. A situação é tão dramática e o país regrediu tanto, que a vitória da coalizão moderada será celebrada como o triunfo da vida sobre a morte.
Leia Mais...»A pauta da segurança pública para o próximo governo, por Luiz Eduardo Soares
17 de Abril de 2022
GGN
Qualquer candidatura progressista precisará coligar-se com forças conservadoras para derrotar neofascismo bolsonarista
O Brasil precisa de mudanças profundas e urgentes, mas qualquer candidatura progressista que tente se viabilizar para derrotar o neofascismo bolsonarista necessitará coligar-se com forças conservadoras, em torno de um projeto centrista de reconstrução democrática. A situação é tão dramática e o país regrediu tanto, que a vitória da coalizão moderada será celebrada como o triunfo da vida sobre a morte.
Nesse contexto, como a segurança pública deveria ser pautada?, considerando-se que:
Leia Mais...»The Two Leading Coalitions Take Shape in the Brazilian Electoral Race
15 de Abril de 2022
Washington Brazil Office
Brazilian Electoral Bulletin
por: Paulo Abrão e Andre Pagliarini
The 2022 campaign is shaping up to be the most contentious
of Brazil’s recent democratic history. Some in the Workers’
Party (PT) are worried the heated environment could lead to
actual violence, especially against former president Lula. Last
month, as reported in The Intercept, Lula’s itinerary during a
trip to Paraná somehow ended up being shared in the
WhatsApp groups of Bolsonaro supporters. The only people
privy to Lula’s schedule in the southern state were the
organizers of the visit and the state security forces. The
country is not yet in the full maelstrom of presidential
campaigning, but the fact that this delicate information leaked
is genuinely alarming.
Artigos sobre o ciclo incompleto da atividade policial
O Sistema de Segurança Pública Brasileiro marca uma tradição de polícias estaduais que não realizam o chamado ciclo completo da atividade policial, que se materializa pela natureza investigativa e de policiamento ostensivo. Para contribuir com o debate sobre o ciclo incompleto da atividade policial, abordado no webinar do Núcleo de Segurança Pública na Democracia do IREE, publicamos um documento com artigos escritos por Luiz Eduardo Soares, Ex-Secretário Nacional de Segurança Pública, e por Roberto José da Silva, Policial Civil da Bahia.
Para acessar o documento, clique aqui!
Confira a seguir trechos dos artigos.
“Entre os entulhos da ditadura que minam a recente, limitada e precária experiência democrática brasileira, destacam-se as estruturas organizacionais das polícias, forjadas no regime militar e já então carregadas do passado de iniquidades que remontam à escravidão. Como vimos, organização, menos que forma, é valor e performance, regime afetivo, ideologia e prática. Portanto, se a sociedade pretende retomar o caminho de construção da democracia, terá de empreender a refundação dessa herança, que evoca e atualiza algumas das dimensões mais sombrias de nossa história: as polícias e seus modelos de ação, o inquérito e as prisões, o encarceramento em massa e a política de drogas que criminaliza a pobreza. (…)” – Luiz Eduardo Soares
Metamorfoses do capitalismo transnacional e o futuro governo Lula
Luiz Eduardo Soares para o jornal GGN
Publicado em
O propósito deste artigo é tão ambicioso quanto são simplificadores os pressupostos em que se apoia. A complexidade de cada tema exigiria livros de análise para que as hipóteses, aqui expostas, fossem formuladas com a necessária consistência. Portanto, se tomo a liberdade de fazê-las circular neste estágio preliminar de elaboração, é justamente para colher as contribuições críticas que qualificarão seu desenvolvimento. E também porque me parece urgente que o debate público entre as forças progressistas as leve em consideração -e certamente estou longe de ser o único a trazê-las ao escrutínio coletivo.
Leia Mais...»Rio de Janeiro e a quebra da ormetà
Aprendemos com o velho sábio barbudo algumas lições -não me refiro a Marx, mas a Tolstoi. A primeira: muitas vezes, para ser universal é preciso concentrar-se na província. O segundo ensinamento é menos conhecido, mas igualmente fundamental: as famílias felizes se parecem, mas as infelizes o são cada qual à sua maneira. Aplico a sabedoria arcaica à reflexão política para justificar meu foco no Rio de Janeiro e para ousar uma analogia arriscada: talvez as sociedades modernas se pareçam na felicidade – democráticas, confiantes no futuro, aprimorando as condições de vida e o acesso à justiça-, mas sejam infelizes cada qual à sua maneira.
Leia Mais...»O looping político da esquerda e o eterno retorno da direita, por Luiz Eduardo Soares
Por
O looping político da esquerda e o eterno retorno da direita
por Luiz Eduardo Soares
Sarrafo é o nome que se dá à barra que os atletas do salto em altura devem ultrapassar. Ela vai sendo elevada na medida em que a competição se torna mais exigente. Por outro lado, quando se diz que a polícia “baixou o sarrafo”, o que se afirma é que o cassetete foi empregado com -sejamos elegantes- prodigalidade. Minha hipótese é que o cálculo político dos governos de esquerda que visa a governabilidade -operando em sociedades regidas pelo capitalismo, especialmente em sua fase neoliberal- tende a rebaixar o sarrafo das finalidades estratégicas, gerando uma dinâmica em loop, um movimento espiralado, cuja direção é a auto-aniquilação, a médio ou longo prazo. Isso acontece porque concessões e ampliação de alianças ao centro implicam renúncia progressiva à própria agenda, abandono de compromissos de classe e frustrações populares sucessivas, processo que abre espaço para o fortalecimento de oposições cada vez mais radicais à direita, levando a derrotas futuras ou ao risco de sofrê-las, o que, por sua vez, conduziria o governo de esquerda -ou as esquerdas já derrotadas, lutando para voltar ao governo- a mais concessões para ampliar ainda mais o arco de alianças. O retorno ao poder dar-se-ia em condições mais precárias, reiterando a necessidade de aprofundamento do círculo vicioso da auto-diluição. Assim, a esquerda seria neutralizada e domesticada, sem que fosse preciso amarrar-lhe ao pescoço a coleira da proscrição, do exílio ou da clandestinidade. Para acuar e dissolver a esquerda não seriam necessários golpes ou bravatas militares, nem mesmo mudanças constitucionais garroteando direitos democráticos, porque o preço do poder passaria a ser a imersão na lógica da competição eleitoral sob a chantagem desestabilizadora das forças econômicas porventura ameaçadas, associadas à mídia e a interpretações jurídicas sensíveis às conveniências do lawfare. E atenção: não se trata de fraqueza de caráter, vacilação ideológica ou traição moral. A dinâmica dos acontecimentos constrói cenários e cancela outros, de tal modo que as lutas se travam em arenas circunscritas por limites que independem de arroubos voluntaristas ou virtudes morais.







