A pauta da segurança pública para o próximo governo, por Luiz Eduardo Soares
17 de Abril de 2022
GGN
Qualquer candidatura progressista precisará coligar-se com forças conservadoras para derrotar neofascismo bolsonarista
O Brasil precisa de mudanças profundas e urgentes, mas qualquer candidatura progressista que tente se viabilizar para derrotar o neofascismo bolsonarista necessitará coligar-se com forças conservadoras, em torno de um projeto centrista de reconstrução democrática. A situação é tão dramática e o país regrediu tanto, que a vitória da coalizão moderada será celebrada como o triunfo da vida sobre a morte.
Nesse contexto, como a segurança pública deveria ser pautada?, considerando-se que:
Leia Mais...»The Two Leading Coalitions Take Shape in the Brazilian Electoral Race
15 de Abril de 2022
Washington Brazil Office
Brazilian Electoral Bulletin
por: Paulo Abrão e Andre Pagliarini
The 2022 campaign is shaping up to be the most contentious
of Brazil’s recent democratic history. Some in the Workers’
Party (PT) are worried the heated environment could lead to
actual violence, especially against former president Lula. Last
month, as reported in The Intercept, Lula’s itinerary during a
trip to Paraná somehow ended up being shared in the
WhatsApp groups of Bolsonaro supporters. The only people
privy to Lula’s schedule in the southern state were the
organizers of the visit and the state security forces. The
country is not yet in the full maelstrom of presidential
campaigning, but the fact that this delicate information leaked
is genuinely alarming.
Metamorfoses do capitalismo transnacional e o futuro governo Lula
Luiz Eduardo Soares para o jornal GGN
Publicado em
O propósito deste artigo é tão ambicioso quanto são simplificadores os pressupostos em que se apoia. A complexidade de cada tema exigiria livros de análise para que as hipóteses, aqui expostas, fossem formuladas com a necessária consistência. Portanto, se tomo a liberdade de fazê-las circular neste estágio preliminar de elaboração, é justamente para colher as contribuições críticas que qualificarão seu desenvolvimento. E também porque me parece urgente que o debate público entre as forças progressistas as leve em consideração -e certamente estou longe de ser o único a trazê-las ao escrutínio coletivo.
Leia Mais...»Rio de Janeiro e a quebra da ormetà
Aprendemos com o velho sábio barbudo algumas lições -não me refiro a Marx, mas a Tolstoi. A primeira: muitas vezes, para ser universal é preciso concentrar-se na província. O segundo ensinamento é menos conhecido, mas igualmente fundamental: as famílias felizes se parecem, mas as infelizes o são cada qual à sua maneira. Aplico a sabedoria arcaica à reflexão política para justificar meu foco no Rio de Janeiro e para ousar uma analogia arriscada: talvez as sociedades modernas se pareçam na felicidade – democráticas, confiantes no futuro, aprimorando as condições de vida e o acesso à justiça-, mas sejam infelizes cada qual à sua maneira.
Leia Mais...»O looping político da esquerda e o eterno retorno da direita, por Luiz Eduardo Soares
Por
O looping político da esquerda e o eterno retorno da direita
por Luiz Eduardo Soares
Sarrafo é o nome que se dá à barra que os atletas do salto em altura devem ultrapassar. Ela vai sendo elevada na medida em que a competição se torna mais exigente. Por outro lado, quando se diz que a polícia “baixou o sarrafo”, o que se afirma é que o cassetete foi empregado com -sejamos elegantes- prodigalidade. Minha hipótese é que o cálculo político dos governos de esquerda que visa a governabilidade -operando em sociedades regidas pelo capitalismo, especialmente em sua fase neoliberal- tende a rebaixar o sarrafo das finalidades estratégicas, gerando uma dinâmica em loop, um movimento espiralado, cuja direção é a auto-aniquilação, a médio ou longo prazo. Isso acontece porque concessões e ampliação de alianças ao centro implicam renúncia progressiva à própria agenda, abandono de compromissos de classe e frustrações populares sucessivas, processo que abre espaço para o fortalecimento de oposições cada vez mais radicais à direita, levando a derrotas futuras ou ao risco de sofrê-las, o que, por sua vez, conduziria o governo de esquerda -ou as esquerdas já derrotadas, lutando para voltar ao governo- a mais concessões para ampliar ainda mais o arco de alianças. O retorno ao poder dar-se-ia em condições mais precárias, reiterando a necessidade de aprofundamento do círculo vicioso da auto-diluição. Assim, a esquerda seria neutralizada e domesticada, sem que fosse preciso amarrar-lhe ao pescoço a coleira da proscrição, do exílio ou da clandestinidade. Para acuar e dissolver a esquerda não seriam necessários golpes ou bravatas militares, nem mesmo mudanças constitucionais garroteando direitos democráticos, porque o preço do poder passaria a ser a imersão na lógica da competição eleitoral sob a chantagem desestabilizadora das forças econômicas porventura ameaçadas, associadas à mídia e a interpretações jurídicas sensíveis às conveniências do lawfare. E atenção: não se trata de fraqueza de caráter, vacilação ideológica ou traição moral. A dinâmica dos acontecimentos constrói cenários e cancela outros, de tal modo que as lutas se travam em arenas circunscritas por limites que independem de arroubos voluntaristas ou virtudes morais.
A direita abriu o jogo: o queremismo está na mesa
Crimes no Rio e o queremismo bolsonarista
Luiz Eduardo Soares
A Paz dos Cemitérios só engana incautos, mas são eles que podem reeleger o bolsonarista que governa o Rio. Na capa de OGlobo, em 11 de setembro de 2021, lê-se a manchete: “Por que os homicídios caem no Rio”. Quando o jornal ouve os respeitados e competentes pesquisadores Daniel Cerqueira e Daniel Hirata, hipóteses consistentes são apresentadas. Cerqueira menciona um fator estrutural, amplamente reconhecido como pertinente nas sociedades com características análogas às nossas: alterações na pirâmide demográfica -a cada 1% a menos de jovens entre 15 e 29 anos, corresponde o declínio de 2% no número de mortes violentas (não só homicídios e demais crimes letais intencionais, como também acidentes). Hirata menciona o vetor decisivo e imediatamente determinante: a expansão do domínio das milícias e a tendência à monopolização territorial, reduzindo a taxa de conflitos entre grupos criminosos e tornando os assassinatos menos ostensivos e menos passíveis de registro (a matéria o admite, referindo-se ao aumento dos “desaparecimentos”).
Leia Mais...»Os malabares do fascismo
Bolsonaro se compraz em manter no ar seus malabares: golpes de diferentes tipos, aniquilação dos “inimigos”, sublevações policiais, confronto com governadores e o STF, promessas de auxílios superiores ao Bolsa Família, reformas ultra-neo-liberais e até eleições e cumprimento da Constituição. Mantendo vivas todas as hipóteses, ele acena para as elites e os descamisados, apazigua os conservadores com os indícios de auto-contenção e, ao mesmo tempo, mantém acesas as tochas da insurreição neofascista, alimentando suas hostes extremistas com a expectativa da guerra total.
Leia Mais...»Íntegra da entrevista de Luiz Eduardo Soares a Terrence McCoy, do Washington Post
(1)Por que tem mais pessoas no Brasil mais preocupados sobre a possibilidade de um golpe?
Resposta: O próprio presidente mencionou em diferentes momentos a hipótese de “dar um basta” ao que ele chama interferências do Supremo Tribunal Federal, impondo limites a seu governo. Participou de manifestações, em Brasília, nas quais se destacavam faixas reivindicando “Ditadura Militar com Bolsonaro”. Durante a campanha, indagado sobre como contornar eventuais dificuldades com o Poder Judiciário, Eduardo Bolsonaro, filho do então candidato, disse que, para fechar o STF, bastariam um soldado e um sargento. As redes sociais bolsonaristas não cessam de difundir mensagens golpistas, clamando ao presidente que feche o Congresso e o Supremo. Políticos ligados a Bolsonaro fazem declarações ameaçadoras, veladas ou explícitas. Além disso, há uma história que justifica preocupações. História política nacional recente (lembremo-nos do tweet do então comandante do Exército, general Villas Boas, na véspera do julgamento na Suprema Corte do Habeas Corpus de Lula) e a biografia do presidente, cuja trajetória foi marcada pela defesa da ditadura, pela exaltação de torturadores e de grupos de extermínio policiais. O último pronunciamento de Bolsonaro, uma semana antes do segundo turno das eleições, em 2018, dirigido por celular de sua casa, no Rio, à multidão que se reuniu na Avenida Paulista para ouvi-lo, não deixava margem a dúvidas: em seu governo, esquerdistas teriam dois destinos, o exílio ou “a ponta da praia”, expressão usada na ditadura que designava o local de execução dos opositores do regime. Bolsonaro afirmou, ao longo da campanha, que faria uma “revolução para destruir o sistema”. Mesmo que seja apenas uma hipótese, quem, sendo democrata, não se preocupasse seria leviano.
Democracia brasileira em ruínas
Para o blog da editora Boitempo
01/07/21
Em junho de 2013, um milhão de pessoas ocuparam a maior avenida do Rio de Janeiro, num clima de festa e revolta, erguendo pequenos cartazes individuais bem-humorados, repletos de indignação e ironia, bradando seus gritos de guerra e amor, e não era carnaval. Dirigentes esquerdistas da tradicional organização nacional dos estudantes caminhavam anônimos e atônitos, em meio à multidão, perguntando-se quem convocara, quem estava no comando, quem tinha aquele poder imenso. Quem, se não havia carro de som, bandeiras, palavras de ordem? Quem, se lá não estavam partidos e sindicatos? Não acreditavam que aquele mar de gente pudesse se mobilizar sem liderança, atendendo ao chamado espontâneo das redes sociais. O mesmo acontecia, por contágio, em quase todo o país. Estavam perdidos como as demais lideranças da esquerda e da direita, como o governo Dilma Roussef e os intelectuais ouvidos pela presidenta, cuja opinião predominante logo se fixou na tese convencional: “Só pode ser coisa da CIA, do NSA, do imperialismo, associados às forças reacionárias da burguesia brasileira”. Governos estaduais lançaram suas polícias na impossível e sangrenta missão repressiva, e o caldo entornou. As manifestações se multiplicaram. Quem esteve nas ruas constatou, entretanto, que as pautas e demandas eram plurais e contraditórias, havia grupos assumidamente direitistas, mas muitos outros identificados com agendas e valores de esquerda.
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