Escolha sua distopia (ou pense pelo avesso)

Há mais de 40 anos, o antropólogo, cientista político e escritor Luiz Eduardo Soares se dedica a estudar os fenômenos da violência e da segurança pública, e sua experiência não se limitou às pesquisas acadêmicas: estendeu-se à gestão pública. Ao longo de sua trajetória, também escreveu livros que exploraram outras linguagens, como forma de desnaturalizar sobretudo as desigualdades, cujo enfrentamento requer, além de análise, a mobilização dos afetos e a indignação em estado prático.
Escolha sua distopia é uma obra que pensa pelo avesso, transitando entre diferentes disciplinas e adotando dicções variadas. Mas há uma convicção que atravessa a multiplicidade de vozes e a diversidade temática: a violência do Estado e a cultura punitivista, indissociáveis do patriarcalismo e da exploração de classe, são chave para a democracia e as lutas antirracistas; se não as compreendermos e transformá-las, o presente se eternizará como túmulo das utopias. E nas caravelas do punitivismo embarcaram direita e esquerda.
Este livro reúne 13 artigos e ensaios, e um depoimento. As duas primeiras partes focalizam as raízes políticas e sociais que criaram as condições para a emergência do bolsonarismo, que corresponde à captura de parte do imaginário coletivo pela tradição fascista brasileira, adaptada à nova realidade histórica, na qual se combinam empobrecimento, insegurança, valores neopentecostais e neoliberalismo.
As análises também revelam as conexões orgânicas entre a ideologia hegemônica no meio policial, a persistência do racismo, a continuidade reativa do patriarcalismo e o crescimento da ultra-direita, cujas origens comuns remontam não só à ditadura, mas à escravidão. A terceira parte tematiza o deslocamento de placas tectônicas da sociedade brasileira, em 2013, e os obstáculos à comunicação entre diferentes gerações de intelectuais e ativistas no Brasil. A quarta parte reflete sobre direitos humanos, as relações entre Direito e Psicanálise, e a problemática do perdão.
Crânio de Vidro do Selvagem Digital

Crânio de Vidro do Selvagem Digital
Luiz Eduardo Soares investe na força de uma ficção lisérgica, apostando na liberdade da imaginação para conduzir o leitor através de uma narrativa surpreendente.
Neste romance, o autor de Elite da Tropa e Cabeça de Porco aceita o desafio de transformar em literatura o esgotamento sem fim de um mundo em ruínas para reencontrar na escrita o impulso vital.
Com o declínio das mobilizações de 2013, os enfrentamentos se transferiram da praça pública para as redes sociais e auditórios. É num auditório, após uma palestra, que começa “Crânio de Vidro do Selvagem Digital”. O novo livro de ficção de Luíz Eduardo Soares, acompanha o reencontro do protagonista, um acadêmico de esquerda, que herda muitas das experiências do próprio autor, com um velho companheiro de luta política que havia se esvaído no tempo e no espaço.
“Gritam pra soar mais radicais e verdadeiros, como se o tom de voz substituísse os argumentos.” – exclama o parceiro desaparecido, Martin Lau. A partir deste ponto os personagens por meio de lembranças em comum, viagens lisérgicas abençoadas pelo poder de ervas e chás capazes de libertar a mente, rumam ao passado e se embrenham em um floresta abissal de memórias.
A cada parágrafo o leitor tem o tapete da realidade puxado sob os seus pés, convidando-o a uma aventura psicodélica ‘Philip-Kadiana’ com uma pitada de Castanheda à brasileira, onde o calor do Rio quarenta graus derrete a lógica, jogando-a num caleidoscópio que liquidifica a narrativa.
Enquanto Anoitece

Enquanto Anoitece
Aos vinte anos, em 1955, Raimundo Nonato, trabalhador rural e órfão de pai, mata o violador de sua irmã. Conduzido pelos capangas do patrão à Casa-Grande para ouvir a sentença, acaba incorporado à milícia do Engenho. Em 1973, jagunço experiente, austero e disciplinado, é constrangido a levar a tropa do exército à casa de uma beata, sua madrinha, onde um guerrilheiro comunista estaria escondido. A lealdade à velha senhora é mais forte que o dever. O fugitivo escapa. Raimundo é preso e torturado em seu lugar, mas a vida lhe é poupada graças à clemência do patrão, aliado aos militares. O preço a pagar é a expulsão do Engenho, de onde a mãe e a irmã já haviam sumido. Adestrado para as armas e o autodomínio, Raimundo torna-se pistoleiro a soldo. Um profissional com escrúpulos e princípios. Cumprida a primeira missão, transportando o corpo na mala do carro que recebe em pagamento pela tarefa, vê-se ante o inesperado: na estrada que é desolação e aridez, ao lado de uma kombi vencida pelo barro, uma mulher acena. Não há como lhe recusar carona, mesmo ao descobrir que se trata de um casal. Logo se saberá que ela transporta maconha e dólares e ele é o militante procurado. Seguem, assim, estrada a fora, o pistoleiro desidratado e febril que oculta um cadáver, a traficante e o comunista. Os desdobramentos desse encontro atravessarão o país, conduzindo
Raimundo ao Rio de Janeiro, em 1985, com a mulher, o filho, e a decisão de mudar de vida. Vinte anos depois, porteiro e morador da favela, o protagonista passa da alegria ao terror, quando o filho, seu orgulho, aprovado no vestibular de medicina, desaparece. A conflagração do presente condena o protagonista a um reencontro dramático com o passado, assim como o país, que avança agarrado à sua história brutal.
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2066

Romance 2066, de Luiz Eduardo Soares e Rafael Coutinho:
O cataclismo ambiental aqueceu a temperatura no Rio de Janeiro às raias do
insuportável, gerou escassez de água, reduziu drasticamente a população,
redesenhou o litoral e redefiniu a cartografia da cidade. Os cartões postais
continuam lindos, em 2066, mas nada têm a ver com as imagens que admiramos até
hoje. Nesse cenário, o romance conta a história de padre Sergio, que exerce o
sacerdócio na semi-clandestinidade, e sua irmã Samara, oficial da polícia médica. A
morte do pai, velho general, os reaproximou. Os irmãos reencontrarão o passado
familiar, que lhes pesará como um legado aterrorizante, quando Samara leva Maria
da Graça, a jornalista pela qual se apaixonara, a um passeio na Serra.
Outra herança, entretanto, se revelará luminosa, aquela que provém de
obscura linhagem romena, cuja origem remonta à rebelião dos castrati, meninos
castrados para cantar com vozes femininas, muitos séculos antes. Gerações
sucessivas sobreviveram graças a insights sobre o futuro, alcançados sob a forma de
visões proféticas, suscitadas em rituais bastante peculiares, que exigem a cópula
entre um homem casto da família e sua parente, depositária das tradições
espirituais. Ao filho dessa mulher será concedido o momento de iluminação. A
previsão anterior apontava para o Rio de Janeiro.
A única oposição ao governo é exercida pelo movimento hacker-anarquista,
cuja ala moderada Sergio lidera. Circunstâncias e investigações o levam a identificar
o segredo da estratégia dos poderes transnacionais, causadores de prostração
psíquica e servidão voluntária: a fórmula estética -a estrutura formal, não os
conteúdos- que organiza roteiros e narrativas, difundidos por todos os meios de
comunicação. A descoberta mobiliza a resistência e promove a crise do regime.
Após a realização do ritual erótico-esotérico, sob a direção de representante
da antiga estirpe, Sergio e Samara encontrarão a utopia, onde jamais a poderiam
imaginar. A tarefa agora é anunciar a boa nova, sem dizer de que se trata,
exatamente, e onde ela está sendo experimentada, o que colocaria em risco sua
existência. O movimento anarquista se divide, espelhando a cisão no governo, e o
confronto se radicaliza.
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Vidas Presentes

Vidas Presentes
Durante três anos, setenta articuladores sociais percorreram os bairros da cidade do Rio de Janeiro com o objetivo de localizar crianças e adolescentes, com idade de 6 a 14 anos, que estivessem fora da escola ou com risco de evasão escolar.
Nesta busca, identificaram mais de 23 mil crianças que haviam abandonado ou nunca chegaram a frequentar a escola. Destas, mais de 22 mil voltaram a estudar ou se matricularam na escola pela primeira vez.
O livro é baseado no relato das articuladoras e articuladores locais responsáveis pela Busca Ativa e pelo contato com as famílias
Os números demonstram o sucesso da metodologia desenvolvida pelo Projeto Aluno Presente, uma iniciativa da Associação Cidade Escola Aprendiz em parceria com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME/RJ) e com apoio da Fundação Education Above All (Qatar) por meio do programa internacional Educate a Child.
Mas para além dos números encontramos histórias. São elas que valem cada esforço desempenhado. E são elas que dão corpo ao livro Vidas Presentes, que conta com a narrativa do antropólogo e escritor Luiz Eduardo Soares e do olhar do gravurista Francisco Maringelli.
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Dentro da noite feroz: O fascismo no Brasil

Dentro da noite feroz: O fascismo no Brasil
Neste ensaio inédito, o antropólogo Luiz Eduardo Soares apresenta uma aproximação entre o bolsonarismo (entendido como o conjunto de discursos e práticas de Bolsonaro e de seus apoiadores) e o fascismo. Abordando as principais características do que seria um regime fascista e de que forma ele se aplica à realidade brasileira, o autor demonstra, utilizando-se de falas, manifestos e ações, a proximidade escancarada do governo Bolsonaro e seus apoiadores ao fascismo, em especial sua versão brasileira, o integralismo, criado na década de 1930. Escrito às vésperas de ser incluído em dossiê produzido pelo Ministério da Justiça contra funcionários públicos, policiais e formadores de opinião antifascistas, Soares desdobra os acontecimentos relativos a Bolsonaro desde a campanha de 2018, passando por uma análise do lavajatismo no Brasil, o assassinato de Marielle Franco, a intrínseca relação de Jair Bolsonaro e sua família com as milícias do Rio de Janeiro, a atuação de religiosos fundamentalistas e uma suposta volta do Brasil à ordem e aos chamados valores familiares tradicionais. De acordo com o autor, “a virilidade teatralizada na campanha e no governo de Bolsonaro, estendendo 28 anos de vida pública absolutamente coerentes e transparentes, nesse aspecto, seria posta de volta em seu lugar ‘original e eterno’, reafirmando a supremacia do macho, a superioridade da família tradicional, a regência exclusiva dos valores ditos verdadeiros, essenciais, naturais: esse é o apelo e a promessa implicada no bolsonarismo”. Arte da capa por Heleni Andrade.
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O Brasil e seu duplo

O Brasil e seu duplo
Quando Lula foi preso, em 2018, abrindo caminho para o triunfo eleitoral de Bolsonaro, o país mudou: desfez-se o consenso em torno do pacto constitucional, de natureza social-democrata. Desde então, afirmou-se uma direita radical que se contrapõe aos liberais e às esquerdas não só em matéria de prioridades e políticas públicas, mas também no plano ideológico. Como chegamos a essa situação? Quais seus pressupostos históricos e estruturais? Este livro enfrenta essas perguntas com brilhantismo e sagacidade.
título: O BRASIL E SEU DUPLO
isbn: 9786580309566
idioma: Português
encadernação: Brochura
formato: 13,5 x 20,7 x 1,7
páginas: 272
ano de edição: 2019
ano copyright: 2019
Desmilitarizar

Segurança pública tem sido tema recorrente na agenda pública, mas sua transformação profunda nunca esteve em cogitação. Em Desmilitarizar: segurança pública e direitos humanos, o antropólogo Luiz Eduardo Soares coloca em questão as razões para o imobilismo brasileiro em face da questão da violência. A partir do entendimento dos problemas diagnosticados tanto na esfera pública quanto na privada, o autor oferece propostas e orientações claras para superá-los.
Os quatorze ensaios aqui reunidos estão estruturados em quatro pilares temáticos: polícia, drogas, raízes da violência e direitos humanos. Somados à introdução e ao posfácio, formam um conjunto coeso que demonstra que a problemática da violência letal, inclusive a praticada pelo Estado, é decisiva para a reconstrução democrática e o combate ao racismo, aos preconceitos e às desigualdades. Não ficam de fora análises sobre as contraditórias UPPs, a guerra às drogas, a intervenção militar no Rio de Janeiro, o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro e sobre relações entre o poder público e o crime organizado. E o livro conta ainda com um Glossário sobre segurança pública.
Desmilitarizar vai além de uma reportagem jornalística ou mesmo da pesquisa acadêmica, seu maior objetivo é provocar mudanças em como encaramos a segurança pública no Brasil. Trazendo sua experiência como secretário Nacional de Segurança Pública, subsecretário de Segurança e coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Eduardo Soares dirige-se não só a especialistas, mas também a ativistas, movimentos sociais, sindicatos e associações de policiais.
- autor: Luiz Eduardo Soares
- apresentação: Marcelo Freixo
- orelha: Julita Lemgruber
- quarta capa: Paulo Sérgio Pinheiro
- selo:BOITEMPO EDITORIAL
- páginas:296
- formato:16cm x 23cm x 1cm
- peso:478 gr
- ano de publicação:2019
- encadernação:Brochura
- ISBN:9788575596968
Rio de Janeiro: Histórias de vida e morte

Capas dos livros publicadas no Brasil, Itália e Inglaterra
Formato: Livro
Autor: SOARES, LUIZ EDUARDO
Editora: COMPANHIA DAS LETRAS
Assunto: BIOGRAFIAS/AUTOBIOGRAFIAS/DIÁRIOS/MEMÓRIAS/CARTAS
O antropólogo Luiz Eduardo Soares, autor do livro que inspirou o filme Tropa de elite, conhece o Rio de Janeiro como poucos. Pesquisador de renome e ex-integrante da área de segurança pública dos governos estadual e federal, convive há décadas com as mazelas da cidade: o tráfico de drogas, a corrupção policial, a violência.
Este livro é resultado dessa experiência singular. Escrito com mão leve, ritmo de thriller e faro jornalístico, Rio de Janeiro é um retrato impactante sobre as desigualdades, o racismo, a degradação da política, a violência do Estado e o ódio que se derrama sobre a cidade, colocando em risco a beleza exuberante do eterno cartão-postal do Brasil.
Tudo ou Nada

Formato: Livro
Autor: SOARES, LUIZ EDUARDO
Editora: NOVA FRONTEIRA
Assunto: BIOGRAFIAS/AUTOBIOGRAFIAS/DIÁRIOS/MEMÓRIAS/CARTAS
Um avião decola com dezenas de caixas de cigarro, pesando 25 quilos cada uma, e as lança em alto mar, onde são recuperadas por pequenas embarcações e levadas a alguma ilha do Caribe. De lá seguem num veleiro, acima de qualquer suspeita, para Londres. Segundo o autor, é desta forma que toneladas de cocaína são transportadas da selva colombiana até a Inglaterra. Luiz Eduardo Soares se propõe a descrever os bastidores dessa trama, ao relatar a história de um brasileiro que foi preso em Londres com 2 toneladas de cocaína e condenado a 24 anos de prisão por associação ao tráfico internacional de drogas.







