Luiz Eduardo Soares: “Matança de Castro no Rio teve resultado nulo para segurança pública”
Ao Fórum Onze e Meia, antropólogo analisou a operação do governador que deixou 121 mortos e propôs alternativas a ações violentas da polícia
O Fórum Onze e Meia desta quinta-feira (6) recebeu o antropólogo e especialista em Segurança Pública Luiz Eduardo Soares para falar sobre a chacina promovida pelo governador Cláudio Castro (PL), na última semana, nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. Ao todo, 121 pessoas foram mortas no âmbito da Operação Conteção, que foi considerada a mais letal da história do país.
Soares analisou o que o massacre significou para a Segurança Público do Rio e suas consequências sociais e políticas, além de debater quais ações são realmente efetivas para combater o crime organizado.
Confira a íntegra da entrevista.
Leia Mais...»Segurança Pública: O que fazer
Publicado 06/11/2025 às 20:07
Após ação brutal no Rio, direita busca explorar eleitoralmente o medo e colocá-lo no centro da agenda brasileira. Governo hesita. Mas alternativas, concretas e já testadas em diversos pontos do mundo, pode refundar a Segurança e as Polícias
O controle territorial por grupos armados no Rio de Janeiro submete a população residente nessas áreas a um domínio tirânico e a toda sorte de abusos, incluindo a cobrança de taxas por bens e serviços e interdições ao exercício de direitos básicos. Trata-se, portanto, não apenas de um sério problema de segurança pública como de uma forma de negar aos mais pobres o respeito e a condição plena de cidadania. Esse controle territorial armado é exercido por dois tipos de organizações criminosas: as fações criminais e as milícias.
Leia Mais...»A cabeça que falta
Quem perderá tempo com a cabeça de Iago? Ela resta como a peça que falta no jogo de armar, o pedaço do corpo, da lógica e da história que ficou sobrando na política do governador. Os fascistas precisam desesperadamente de uma saída política, e eles a buscam na morte e no medo
Uma cabeça pendurada na árvore. O corpo intacto. Só a cabeça, o fruto estranho. No Sul dos Estados Unidos, pendiam das árvores os negros enforcados pela KKK. No Alemão, só a cabeça de Iago, 19 anos, trabalhador. Ornamento preservado. Iago Rodrigues era trabalhador. Policiais mantiveram seu corpo intacto. Só queriam a cabeça. Troféu de guerra. Foram mais de 120, quem se lembrará de Iago? Era uma operação policial. Quem perderá tempo com a cabeça que faltava? Seu Robson viu outro rapaz levado ao beco, andando com dificuldade, apoiado no ombro do policial da Core. A caminhada seria curta. O policial deu alguns passos pra trás e fuzilou o número noventa e três, ou seria o oitenta e quatro? Quem vai se lembrar? Seu Robson cobrou a covardia. Pediram seus documentos, anotaram a placa e arrebentaram seu carro. O recado está escrito com spray na lataria. Alguém vai denunciar à polícia a polícia? Quem vai compilar os relatos do massacre, a memória do horror?
Chacina do Rio: Qual a resposta das esquerdas?
OutrasPalavras
Crise Brasileira
Por Luiz Eduardo Soares
Publicado 03/11/2025 às 17:26
O banho de sangue nas favelas cariocas é exemplar na disputa por seu significado na luta política. Ouvir as maiorias é imperativo – mas não se deve abdicar de liderar, pedagogicamente, o repúdio radical a atos execráveis contra a vida: o massacre é inaceitável

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
No massacre do dia 28 de outubro, no Rio de Janeiro, foram mortas 121 pessoas -a contagem pode aumentar-, muitas delas com a extravagância de quem não se limita a matar: manifesta o desejo de comentar o assassinato, acrescentando ao crime um superlativo e uma assinatura, produzindo excesso de significação (decapitação, mutilação, esfaqueamento, desmembramento) que, paradoxalmente, anula o significado objetivo e utilitário da prática homicida, redefinindo o gesto como um movimento além do ato, destinado a comunicar outro sentido, não contido na cena “operacional”. Mais uma vez, compulsão à repetição como “política de segurança”, em escala crescente: está em jogo, novamente, o endereçamento da abjeção social -para que lado olhar, onde identificar a fonte do mal e do medo, mobilizando quais afetos? É aí que se instala, e intensifica, o racismo. Há um locus privilegiado, um território. O racismo é uma geografia, uma geopolítica urbana -viva Milton Santos! A operação policial não visava prover segurança, mas qualificar a insegurança.
Leia Mais...»A volta da perversa ‘gratificação faroeste’
Publicado em dilemasreflexoes.org 27/09/2025
A sucessão de tragédias mundiais, sintetizada pelo nome Gaza, roubou de nós a força de palavras que nos permitissem manifestar repúdio, indignação e revolta, e que talvez nos ajudassem a elaborar o luto e a lidar com efeitos traumáticos. O esvaziamento da linguagem diante da dimensão indescritível e incalculável das atrocidades genocidas perpetradas contra o povo palestino coincide com a revogação das leis internacionais e com a substituição de política e diplomacia por força e arrogância imperial. A magnitude da carnificina embota as vozes da resistência e refrata as mazelas que testemunhamos em nosso país.
Escolha sua distopia: o avesso do avesso de nossa violenta esfinge
Por: Redação
4 de setembro de 2025
“Lula rompeu limites que a elite não tolera com o BRICs”, diz Luiz Eduardo Soares
Para o antropólogo e cientista político, a projeção internacional sob Lula, especialmente com o BRICs é o “nó fundamental” que desperta a reação das elites
O antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares avaliou, em entrevista ao programa Giro das Onze, que a liderança de Lula representa uma força única na política brasileira, capaz de resistir a pressões internas e externas. Para ele, o ponto central da intolerância das elites em relação ao presidente não está apenas nas políticas sociais, mas na projeção internacional do Brasil.
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Por Kátia Mello para o portal Geledés
Em “Escolha sua distopia – ou pense pelo avesso”, antropólogo denuncia a cultura punitivista, inseparável do racismo estrutural, e analisa o avanço do neofascismo a ser enfrentado por políticas sustentadas nos Direitos Humanos
Luiz Eduardo Soares lança “Escolha sua Distopia” e lota livraria no Centro do Rio
Novo livro do antropólogo reúne ensaios sobre violência, política e democracia; lançamento contou com parlamentares e intelectuais
A Livraria Leonardo da Vinci, no Centro do Rio, ficou lotada na noite desta segunda-feira (25) para o lançamento do novo livro do antropólogo, cientista político e escritor Luiz Eduardo Soares. Intitulada Escolha sua Distopia: (ou Pense Pelo Avesso), a obra foi publicada pela Editora Almedina e apresentada em um evento que reuniu debate e sessão de autógrafos.
Lançamento do livro – Escolha sua distopia – de Luiz Eduardo Soares
Por mais que eu fosse otimista e esperasse encontrar muitos amigos e amigas no lançamento do meu livro, eu nunca imaginaria uma demonstração tão generosa de afeto e solidariedade.
Só me resta dizer muito obrigado.







